quarta-feira, 14 de abril de 2010

HISTORIA DO PASSAT


Como tudo começou

No fim dos anos 60, a VW adquiriu a NSU ( Neckarsulm Strickmaschinen Union ), fábrica também alemã. Com a compra desta montadora, a VW assumiu um projeto que a NSU possuía para substituir seu moderno modelo Ro 80, criando o K70, sedã de tração e motor dianteiro refrigerado à água, algo ainda inédito para a VW.

Baseado no K70, a Audi, já incorporada ao grupo VW, projetou um carro médio, 3 volumes, de linhas mais harmoniosas que o modelo que o originou. Este era o Audi 80. A VW entregou a Giorgio Giugiaro, um dos mais conhecidos designers de automóveis do mundo, a missão de modificar o desenho do Audi 80 para que a própria VW produzisse um modelo feito sob a mesma plataforma. Giugiaro modificou a parte traseira da carroceria, criando um fastback . E assim surgiu o Passat. O nome, assim como Bora, Scirocco e Santana, é de um vento que sopra na Europa (neste caso, de leste para oeste), dando idéia de velocidade. Em 1973 o Passat chegava ao mercado alemão, iniciando sua história de sucesso.

- O Passat no Brasil

Em junho de 1974, apenas um ano após o lançamento na Alemanha, o Passat chegava ao Brasil. Inicialmente foi oferecido apenas com duas portas, nas versões básica, L (Luxo) e LS (Luxo Super). Refrigerado a água, tração dianteira, estrutura monobloco (que até então só existia na Kombi), o Passat ia de encontro a todas as características básicas dos VW brasileiros até então. O circuito de freios, por exemplo, atuava em sistema duplo diagonal. Caso um dos sistemas falhasse, uma roda de cada eixo (em lados opostos) ainda se manteria funcionando, evitando a perda dos freios do mesmo eixo. O motor 1.5, única opção, proporcionava 65 cv de potência.

No fim de 1974, a versão 4 portas foi lançada (já como modelo 75), ampliando o leque de opções ao comprador. Porém, a aversão do consumidor brasileiro aos carros de 4 portas não fez dessa versão de carroceria um sucesso de vendas, sendo hoje um modelo raro de ser encontrado. Neste ano, o Passat conquistou o seu primeiro título de "Carro do Ano", pela revista Auto Esporte.

O ano de 1976 foi um marco na história do Passat. Neste ano, ocorreu o lançamento da versão TS (Touring Sport). A versão esportiva do Passat tinha motor 1.6, de 80 cv, carburador Solex duplo alemão e frente de quatro faróis redondos. Uma faixa preta cruzava a lateral do TS, um pouco abaixo das maçanetas, e dava o toque esportivo de acordo com os padrões da época. No interior, detalhes como o volante esportivo e o console com voltímetro, relógio de horas e manômetro de óleo. No painel, onde nas versões mais simples existia o relógio de horas, havia o conta-giros. Foi um sucesso, sendo o sonho de consumo dos jovens da época. Se tornou o esportivo da VW, apressando o fim do saudoso SP-2.

A versão de 3 portas foi lançada também em 76, nas versões L e LS. Com uma enorme tampa traseira e possibilidade de rebater o banco traseiro, o Passat tinha sua capacidade de carga aumentada para 610 litros (até a borda inferior do vidro traseiro) ou 1010 litros (até o teto).

Duas versões foram lançadas em 78: a LSE (Luxo Super Executivo) e a Surf. A primeira foi durante muitos anos o carro mais luxuoso da VW. O LSE tinha a mesma frente de quatro faróis redondos do TS, além do motor 1.6. O interior recebia um melhor acabamento, detalhes como um apoio de braço central no banco traseiro, o mesmo console do TS e ar-condicionado. A versão Surf, ao contrário da LSE, era uma versão bastante simplificada do Passat. Com pára-choques, espelho lateral, maçanetas e frisos pretos, o Passat Surf lembrava as versões SE que a Chrysler fabricou para o Dart e Dodge 1800. Sendo uma versão mais acessível, com toque esportivo, a versão Surf tinha o mesmo motor 1.5 das versões básicas e alguns acessórios como bancos com encosto alto e pára-brisas verde. Em contrapartida, os cintos de segurança eram de dois pontos e o painel era mais simples. As rodas eram cinza-grafite e os bancos tinham desenhos em vermelho, azul e preto.

A primeira reestilização veio em 1979, quando, seguindo a tendência do Audi 80 lançado em 1976 (como se vê nas fotos abaixo), os faróis redondos cederam espaço aos grandes faróis retangulares e as setas passaram dos pára-choques para as extremidades dos faróis. Os pára-choques ganharam ponteiras plásticas, padrão da época. O estofamento também mudou e o volante passou a ter um diâmetro menor. A versão TS agora tinha a faixa preta lateral abaixo dos vidros e, assim como a versão LSE, passou a ter a mesma frente das outras versões. Logo surgiu a versão à álcool, fazendo do Passat a segundo carro movido por este combustível no Brasil.

A segunda reestilização ocorreu em 1983, quando o Passat teve sua frente novamente alterada, passando a utilizar quatro faróis quadrados. As setas retornaram aos pára-choques, sua posição de origem, e olhos de gato na cor âmbar passaram a ocupar as extremidades onde antes ficavam as setas. O motor 1.5 foi aposentado, ficando o 1.6 como única opção disponível. O lendário TS foi substituído pelo GTS (Gran Touring Sport). A versão GLS (Gran Luxo Super) foi lançada e ficou por pouco tempo no mercado.

As versões foram rebatizadas em 1984, passando a se chamar Special, LS Village, LSE Paddock e GTS Pointer. No meio do ano, o Passat GTS Pointer recebia, enfim, o motor 1.8, se tornando, assim como foi o TS, um dos mais cobiçados esportivos nacionais.

Novas mudanças em 1985: o Passat ganhava pára-choques envolventes e novas lanternas, ficando com uma aparência mais moderna. Por dentro, um novo painel. O câmbio passou a ter 5 marchas. As versões de 3 portas e LSE Paddock foram extintas. Em 1986, os motores 1.6 MD-270 foram substituídos pelo AP-600 e o AP-800 deu lugar ao AP-800S.

Em junho de 86, um excedente de versões LSE destinadas ao Iraque foi oferecido ao mercado nacional. Apesar de possuir características diferentes do gosto brasileiro, como o estofamento vermelho na maioria das unidades e quatro portas, a aceitação pelo modelo foi muito boa, pois ele contava com itens de conforto como bancos Recaro e ar condicionado de série, por um bom preço. O motor era o antigo MD-270 e o câmbio possuía quatro marchas, medidas para facilitar a reposição de peças no Iraque. Como exigências do deserto, radiador de cobre e quatro ganchos de reboque (um em cada extremo dos pára-choques). O “Passat Iraquiano”, como ficou conhecido, foi vendido no Brasil até o ano de 1987.

Mas infelizmente a VW não dava mais a devida atenção ao Passat, destinando esse privilégio a linha BX e Santana. Aliás, para a VW, o Passat deveria ter saído de linha já em 1985. Isso só não ocorreu em decorrência do contrato de exportação firmado com o Iraque na época. Aos poucos a montadora deixava clara sua posição de abandono ao Passat, o privando, por exemplo, de equipamentos já comuns na época, como vidros elétricos e direção hidráulica. Melhorar o Passat seria roubar consumidores dos outros carros VW, e isso não interessava.

Finalmente, no dia 02 de dezembro de 1988, a Volkswagen suspendia a produção do Passat no Brasil, deixando saudades na sua imensa legião de fãs. Algumas unidades ainda chegaram a ser produzidas como modelo 89. Nos seus 14 anos de produção, 897.829 unidades foram fabricadas, incluindo as destinadas a exportação. Para o mercado interno, foram destinadas 676.819 unidades.

- As outras gerações

No Brasil, apenas as duas primeiras gerações do Passat foram produzidas. A segunda geração é o nosso Santana, que nunca levou o nome Passat (cogitou-se essa possibilidade quando da reestilização do modelo em 1991). A primeira geração do Passat, com carroceria conhecida como “tipo 32”, foi produzida na Alemanha até o fim de 1980, quando sofreu grande reestilização e tomou as formas do nosso primeiro Santana. Lá, além da versão 3 volumes e perua que tivemos no Brasil, havia ainda a versão hatchback (chamada Quantum), com desenho mais parecido com a primeira geração.

A terceira geração, nunca comercializada no Brasil, chegou em 1988, com um visual bastante agradável, sem a grade frontal. O ar entrava no motor por baixo do carro e em volta do símbolo VW. A partir desta geração, apenas a versão 3 volumes (somente 4 portas) e perua estariam disponíveis.

Em 1993 foi lançada a quarta geração, novamente com a grade frontal. A quinta geração apareceu em 1998, com linhas bem mais suaves e maior comprimento. Mais de 3 décadas depois, essa história de sucesso ainda parece longe de terminar...

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